Ameaças de PMs e facção agilizam proteção a delator

Polícia Civil e Ministério Público Estadual (MPE) buscam proteção de delator após rumores de que policiais militares investigados na operação Simulacrum e faccionados do Comando Vermelho (CV) estariam planejando a “queima de arquivo” do vigilante Ruiter Cardoso da Silva, 44. Reunião do delator com equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá e com o promotor Vinícius Gahyva, que coordena o Núcleo de Defesa da Vida, formalizou o pedido de inclusão dele no Programa de Proteção a Testemunhas, nesta quarta-feira (27).

 

O próprio delator já tinha informações que a casa de sua mãe vinha sendo monitorada por militares. Rumores de que um atentado poderia calar em definitivo o homem que denunciou uma série de ações policiais, que resultaram na morte de 24 pessoas e tentativas de homicídio contra outras 4, mobilizou a força-tarefa. A operação foi desencadeada no dia 31 de março, com cumprimento de ordens de prisões contra 64 policiais militares, incluindo oficiais, além de um alvo não militar, que era o próprio cunhado de Ruiter, preso no estado da Bahia. Todos os militares foram colocados em liberdade dois dias depois, em decisão do Tribunal de Justiça. A investigação ainda está em andamento e não estão descartadas outras fases, apontado novos alvos, em decorrência do grande volume de material apreendido por meio das ordens de busca e apreensão.

Ruiter disse ontem que todos os envolvidos na investigação não mediram esforços para buscar a preservação de sua vida e acredita que ainda poderá contribuir mais com os trabalhos, pois tem muito a revelar. Mais tranquilo, acredita que tanto do MP e como a DHPP irão apurar toda informação ou denúncia de atos que venham a oferecer riscos a sua integridade.

 

Em relação ao depoimento da ex-esposa Kássia de Matos Moreira, 31, que confirmou as ações do grupo, comenta que o único detalhe que ela esqueceu de mencionar é que também participava ativamente e não era uma mera espectadora nas ações dos policiais. Ruiter aponta que a família da ex-mulher, sobrinha de um coronel da PM, passou a ser uma grande ameaça a sua segurança depois que decidiu denunciar os crimes em que estão envolvidos.

 

Enquanto atuou como informante de PMs, Ruiter tinha prestígio junto aos batalhões de elite, na grande Cuiabá. Vestia camisetas de policiais e tinha até insígnia. Recebia pagamentos em dinheiro, armas de fogo e drogas, muitas vezes, material pertencente aos criminosos presos graças a sua delação. Passou então a ser o homem que atraia criminosos para roubos “rentáveis” que não passavam de emboscadas onde as vítimas eram executadas em situações de “confrontos”, que ocorreram entre 2017 e 2020, em Cuiabá e Várzea Grande.

Fonte: Gazeta Digital