A Prefeitura de Cuiabá teve o segundo pedido de suspensão da intervenção do estado na Secretaria Municipal de Saúde negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A solicitação, assinada pelo procurador-geral adjunto, Allison Akerley da Silva, e pelo procurador do município, Benedicto Miguel Calix, foi feita na tarde dessa segunda-feira (20) e negada durante a noite. A decisão é da presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura.
A prefeitura informou que não vai comentar sobre o caso.
No dia 9 deste mês, por maioria dos votos, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) acolheu o pedido do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) que pede a intervenção. O objetivo é reorganizar a administração da saúde pública municipal para o atendimento de decisões judiciais descumpridas, realização de cirurgias, disponibilização de exames e medicamentos, bem como outras demandas reprimidas no município.
Quatro dias após a decisão, o município entrou com recurso no STJ para suspender o procedimento, mas a presidente do órgão negou. Já nesta semana a prefeitura tentou novamente anular o processo.
Na solicitação, o município cita que a intervenção representa potencial risco de violação à ordem público-administrativa e à saúde pública de Cuiabá, pois há possibilidade de desestruturação do planejamento formulado pelas autoridades municipais para o atendimento dos usuários do SUS.
Ainda de acordo com a prefeitura, o antigo Pronto Socorro Municipal “dispõe de um excelente corpo clínico composto por servidores efetivos, além de contar com uma estrutura adequada para funcionamento de UTIs, ofertando a realização de bom atendimento aos usuários do SUS”. Os procuradores também citaram que Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) “possui uma estrutura surpreendente e oferta serviços importantes como neurocirurgia, ortopedia e traumatologia”.
Os argumentos, no entanto, não foram suficientes para que a Justiça suspendesse o processo.
Falta de médicos e fila
Na primeira semana de intervenção, o Gabinete apontou falta de médicos, leitos vazios e fila de espera nas unidades de atendimento na capital. A equipe comunicou que está fazendo uma análise financeira para planejar o pagamento das dívidas da pasta.
Das 104 unidades de saúde, 37 estão sem médicos. A equipe também identificou seis leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica bloqueados na unidade hospitalar por falta de bombas de infusão.
Já no antigo Pronto-Socorro de Cuiabá, a quantidade de pacientes internados é três vezes menor que a capacidade da unidade. A unidade pode atender 260 e, atualmente, há 76 pacientes no hospital e a equipe estuda reabrir esses leitos.
Intervenção
Ficou definido que a ex-secretária adjunta de Saúde de Mato Grosso Danielle Pedroso Dias Carmona Bertucini comandará a pasta do município por 90 dias. Ela deverá apresentar ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas as seguintes informações:
- Em dez dias, relatório contábil, financeiro, administrativo e finalístico, com diagnóstico preliminar sobre a saúde pública municipal, incluindo a administração direta e indireta;
- Em 15 dias, o plano de intervenção, contendo as medidas que adotará para a regularização dos serviços de saúde de alçada municipal;
- A cada 15 dias, relatórios sobre as providências tomadas.
Danielle poderá ainda apresentar boletins informativos sobre as atividades desenvolvidas, bem como poderá dar publicidade oficial aos respectivos atos por meio dos diários oficiais do estado, do município ou do Tribunal de Contas de Mato Grosso.
Fonte: G1 MT