No próximo dia 1º de julho, o real completa 29 anos de existência. A atual moeda brasileira foi implementada a partir do Plano Real, no governo Itamar Franco. Porém, ela foi apenas uma das muitas cédulas que já circularam no Brasil.
A partir de informações coletadas pelo Banco Central, o R7 separou todas as moedas já vigentes no país e mostra que até produtos naturais já foram usados como forma de pagamento, antes do dinheiro formal ser implementado.
O principal deles foi o Pau-Brasil. Assim que os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, a árvore brasileira foi o recurso mais extraído do território nacional e enviado à Coroa de Portugal.
Mais tarde, outros quatro produtos também foram utilizados nas negociações. Foram eles: o pano de algodão, o açúcar, o fumo e o zimbo (tipo de concha utilizada nas trocas entre os escravizados). Vale ressaltar que esses itens continuaram a ser usados pontualmente mesmo após a implementação das moedas metálicas.
Com o avanço do processo de ocupação estrangeira no território, moedas externas passaram a circular no Brasil. Elas vinham da Espanha, de Portugal, dos Países Baixos e de piratas. É importante lembrar que, entre 1580 e 1640, Portugal e Espanha formavam uma nação só.
As primeiras moedas cunhadas em solo brasileiro vieram somente com a presença holandesa no nordeste (1630-1654). Foram os chamados florins e soldos.
Em 1694, surge a primeira Casa da Moeda no Brasil. A ideia era que todas as moedas que circulavam na colônia fossem enviadas à unidade fiduciária para serem transformadas em moedas provincianas.
A decisão permitiu o surgimento das patacas. Essas foram as moedas que por mais tempo foram vigente em território nacional. Elas duraram 139 anos, de 1695 a 1834, quando a Coroa portuguesa já havia vindo ao Brasil. Os valores eram expressos em réis: 40, 80, 160, 320 e 640 réis.
Em 1815, com a presença do rei Dom João VI no Rio de Janeiro, o Brasil foi equiparado ao mesmo nível que Portugal. Com isso, surgiram as primeiras moedas comemorativas. As peças em ouro, prata e cobre traziam gravada a legenda “Joannes. D. G. Port. Bras. Et. Alg. P. Reg.” – “João, por graça de Deus, Príncipe Regente de Portugal, Brasil e Algarves”.
Em 1834, as patacas foram substituídas pelo cruzado. No entanto, a denominação “réis” permaneceu. A cédula só seria trocada em 1942.
Antes disso, a partir de 1869, o cobre foi dando lugar a ligas metálicas mais fortes. A medida teve o objetivo de resistir a transferência de mão para mão.
Nesse contexto, foi criada uma nova série de pequenos valores. A unidade de 100 réis ficou conhecida como tostão. O termo vicou gíria na língua portuguesa e deu origem ao apelido dado ao jogador de futebol, campeão da Copa de 1970.
Somente em 1942 o padrão monetário português deu origem a um brasileiro. Os réis deram lugar ao cruzeiro. Um cruzeiro correspondia a mil réis.
No entanto, não demorou para a nova cédula sofrer com a inflação. Na tentativa de reverter esse processo de desvalorização, o cruzeiro novo, que tinha caráter temporário, chegou ao mercado em 1967. A nova unidade cortava três zeros de todas as notas.
A cédula vigente voltou a se chamar cruzeiro em 1970. Um cruzeiro novo correspondia a um cruzeiro, ou seja, se manteve a equivalência.
Porém, mais uma vez a inflação do Brasil fez com que as autoridades sugerissem a adoção de outra moeda. Assim surgiu o cruzado, que circulou entre 1986 e 1989. Um cruzado equivalia a mil cruzeiros. Após a ditadura militar, o país viveu período que ficou conhecido como “hiperinflação”, quando os sobrepreços chegaram a níveis de 1000% ao ano.
No mesmo ano de 1989, veio o cruzado novo. Um cruzado novo equivalia a mil cruzados. Na cédula de 200, a éfigie da República apareceu pela primeira vez.
No ano seguinte, a moeda brasileira voltou a se chamar cruzeiro, com unidade equivalente a um cruzado novo. Foi uma das medidas do Plano Collor, que buscava conter a inflação através de intervenções drásticas do governo na economia. Não houve sucesso.
A partir de 1993, o Plano Real começou a ser implementado pela equipe liderada pelo ministro da Fazenda da época, Fernando Henrique Cardoso. Entre a transição do cruzeiro para o real, houve uma moeda chamada de cruzeiro real.
Basicamente, foi um papel que, aos poucos, ia equiparando o câmbio do dólar com o valor do real.
O Plano Real foi efetivamente implementado no dia 1º de julho de 1994, com o início da circulação do real. Dessa vez, através de medidas menos drásticas que no Plano Collor, houve sucesso na contenção da inflação.
Em 2010, as notas do real foram redesenhadas e são as que circulam até hoje.
Em 2020, o Banco Central lançou a nota de R$ 200. Porém, ela é pouco vista. Não há previsão de novos lançamentos por parte da autoridade monetária
Fonte: Gazeta Digital