População de rua em Mato Grosso aumenta 82% em 6 anos

Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Chico Ferreira

Em seis anos, o número de pessoas vivendo em situação de rua (PSR) em Mato Grosso aumentou 82,2%. Só neste ano, o número já chega a 3.110 pessoas nessa situação em quase metade dos municípios do Estado. Em 2018, eram 1.706 moradores de rua. Os dados são do boletim informativo da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania, elaborados por meio do Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal (CadÚnico), e apontam ainda que do total de pessoas identificadas, 50 são crianças e adolescentes e outras 274 são pessoas idosas.

No Estado, são 68 municípios que registram de pessoas vivendo em situação de rua e a maior prevalência se dá em cidades de grande e médio porte. O número pode ser subnotificado, uma vez que existem ainda muitas pessoas que nem mesmo possuem cadastros em programas de governo.

Segundo o boletim, Cuiabá é a cidade com o maior número, mais de 41%. São 1.296 pessoas vivendo nesta situação. Entre elas está William Silveira Júnior, 23 anos, que “mora” no canteiro da avenida Historiador Rubens de Mendonça, a avenida do CPA, próximo ao prédio da Polícia Federal.

William é morador de Alta Floresta (803 km ao norte de Cuiabá) mas, há cerca de um ano, vive nas ruas de Cuiabá. Ele conta que chegou aqui transferido em estado grave para o Pronto-Socorro, após levar seis tiros em um garimpo onde trabalhava. O rapaz afirma que por causa de sua situação se afundou nas drogas e, hoje, apesar de garantir que gostaria de uma chance, principalmente pelo filho de três anos, diz não ver nenhuma saída para sua situação. “Estou apenas existindo”.

Por causa do atentado, William ficou com os movimentos comprometidos, usa uma cadeira de rodas e conta que precisa fazer uma cirurgia na coluna. No entanto, ele assume que o vício nas drogas e o medo, já que é uma cirurgia delicada e pode deixá-lo sem movimentos de vez, são impedimentos.

“Eu quero me tratar para voltar para minha cidade, minha família não tem condições, eu estou sozinho, tenho medo e é isso”. Ele conta que já foi internado algumas vezes, mas em todas ele fugiu. “Eu sei que preciso, mas não consigo”.

Lembra que é difícil estar sozinho, se sentir abandonado e, que apesar de algumas boas ações de pessoas, a situação nas ruas é de invisibilidade. “Ninguém quer o problema para ele. Essa é a realidade”, finaliza.