Feridas que não cicatrizam e rouquidão podem indicar câncer

Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem:

João Vieira

Uma simples ferida na boca que demora a cicatrizar exige atenção. Isso porque a lesão pode ser sintoma de algo mais grave, como um câncer de cabeça e pescoço. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que cerca de 39 mil novos casos da doença são registrados anualmente entre homens e mulheres.

Conforme o levantamento, são mais recorrentes os cânceres de boca, faringe, laringe, nas cordas vocais e na glândula tireoide (responsável por produzir hormônios que regulam a função de outros órgãos).

Como maneira de chamar atenção aos sinais e cuidados precoces foi criado o Julho Verde e Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado no dia 27 deste mês. A detecção precoce da doença eleva muito as chances de cura e observar qualquer anormalidade na região merece uma consulta médica. Isso porque, quanto mais cedo a doença for descoberta, mais fácil fica conter o seu avanço.

“Ficar sempre atento às feridas que surgem na boca ou na cavidade oral que não cicatrizam, que começam pequenas e só aumentam de tamanho, não melhoram com medicações. Isso pode indicar a doença e é preciso investigar”, alerta o médico oncologista, Marcos Rezende de Jesus Teixeira.

O médico destaca o surgimento de nódulos no pescoço, que podem ter aumento progressivo e serem endurecidos. “Normalmente, no início, não dói, mas ele é endurecido e vai crescendo com o tempo, não para de crescer”, explica.

Além dos caroços e feridas, o especialista orienta que as pessoas fiquem alerta ao aparecimento de rouquidão. Elas ocorrem sem motivo aparente, sem sintomas de gripe e permanecem por longos períodos.

“É uma rouquidão que aparece e dali para frente ela vai só piorando. Quando a gente pensa em fatores que podem causar o câncer de cabeça e pescoço, o primeiro, o mais comum aqui na nossa população é o tabaco” explicou.

Fumar é responsável por 97% dos diagnósticos de câncer de laringe. O álcool associado ao fumo aumenta em 5 vezes o risco para da doença naregião.

“A gente está falando desde fumar cigarros, charuto, narguilé, cachimbo e, dentre outras situações, a ingestão de bebida alcoólica também entra como um fator de risco”, pontua.

A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) também tem contribuído para o aumento na incidência da doença em jovens nos últimos anos, em virtude da falta de uso de preservativos, na prática do sexo oral, por exemplo.

“Para confirmar o diagnóstico, normalmente, o primeiro passo é fazer um exame físico bem feito por um profissional capacitado. Em caso de já conseguir visualizar a lesão, ele já realiza a biópsia do local”, orienta o oncologista.

Exames como tomografia computadorizada do pescoço e ressonância magnética também ajudam a identificar a lesão e definir se é câncer ou outro problema de saúde.
O profissional ainda orienta a população sobre as formas de prevenção contra o câncer da cabeça e do pescoço.

“Em termos de prevenção, o que fica muito claro é que tem que evitar os fatores de risco. Não fumar, evitar bebidas alcoólicas, fazer a vacinação contra HPV, evitar radiação, ter uma vida saudável, fazer atividade física, com dieta saudável e ter uma boa higiene bucal”, recomenda.