Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: João Vieira
Aumento de 16% na conta de luz puxa maior inflação para fevereiro nos últimos 22 anos. No último mês, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em 1,31% – 1,15 ponto percentual acima da taxa registrada em janeiro – e atingiu o nível mais elevado desde março de 2022. Em 2025, o indicador acumula alta de 1,47%, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses o avanço foi de 5,06%. Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, a maior variação foi registrada pelos grupos educação (4,70% e 0,28 p.p.) e habitação (4,44%), responsável pelo maior impacto (0,65 p.p.) no índice do mês.
Segundo o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, a escalada dos gastos com energia elétrica residencial – que exerceu o maior impacto (0.65 p.p.) do mês – foi reflexo do fim da incorporação do Bônus de Itaipu, que concedeu descontos em faturas no mês de janeiro. Com isso, o subitem energia elétrica residencial passou de uma queda de 14,21% em janeiro para uma alta de 16,80% em fevereiro. Em relação às despesas relacionadas à educação, o analista explica que a majoração aumento se deu em razão dos reajustes nas mensalidades escolares praticados no início do ano letivo.
Alimentos se mantém em patamar elevado
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), alimentos e bebidas tiveram variação de 0,7% e impacto de 0,15 p.p. na alta mensal. O grupo desacelerou quase 1% em relação a janeiro (0,96%) mesmo com as altas expressivas do ovo de galinha (+15,3%) e do café moído (+10,7%). Enquanto a proteína subiu diante do crescimento das exportações em função dos casos de gripe aviária registrados nos Estados Unidos, o grão sofreu problemas no andamento da safra decorrentes do clima desfavorável, o que reduziu a oferta.
Na visão do economista Emanuel Daubian, a condução econômica adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem influência no encarecimento dos produtos para o consumidor no Brasil e no mundo. A imposição de tarifas e a adoção de política protecionista para estimular a indústria norte-americana provocam uma disparada nos custos de importação e das despesas operacionais para produtores brasileiros. No entanto, a tendência é que a inflação de alimentos seja normalizada de forma gradativa, conforme o avanço da comercialização da safra brasileira no mercado internacional.